OverClock
Sábado, 10 de Junho de 2023

Carta aberta defende cientistas russos presos por traição Sábado, 10 de Junho de 2023

Carta aberta defende cientistas russos presos por traição
Carta aberta defende cientistas russos presos por traição

Texto: Revista Pesquisa FAPESP

Uma carta aberta publicada em maio criticou a prisão, determinada pelo governo da Rússia, de três cientistas suspeitos de traição. Os especialistas em tecnologia de mísseis hipersônicos Anatoly Maslov, Valery Zvegintsev e Alexander Shiplyuk, do Instituto Khristianovich de Mecânica Teórica e Aplicada, na Sibéria, foram presos em agosto, acusados de repassar dados sigilosos sobre a tecnologia de mísseis hipersônicos para a China.

Shiplyuk, que dirigia o instituto desde 2006, diz que as acusações não fazem sentido e afirma que as informações compartilhadas com colegas chineses em uma conferência científica em Beijing não eram sigilosas e estavam disponíveis na internet.

A carta aberta em defesa dos pesquisadores presos é assinada por colegas do instituto siberiano. O texto afirma que faz parte da atividade científica apresentar trabalhos em conferências e participar de colaborações internacionais, e que tratar isso como traição inviabiliza o funcionamento do Instituto Khristianovich.

Mísseis hipersônicos são armas capazes de transportar cargas, que podem ser explosivos e até ogivas nucleares, em velocidade de 1,6 quilômetro por segundo, quase cinco vezes a velocidade do som. Eles podem ser manobrados para mudar de direção durante o voo, driblando sistemas de defesa aérea. Os dispositivos foram usados pela primeira vez em uma guerra no início do conflito contra a Ucrânia.

De acordo com a agência Reuters, as prisões por traição indicam que o governo russo está preocupado em manter a dianteira tecnológica na construção de mísseis hipersônicos e não aceita compartilhar dados nem com a China, seu aliado geopolítico na guerra da Ucrânia. Desde 2020, pelo menos três outros cientistas russos foram presos sob a acusação de vazar informações para colegas chineses.

George Nacouzi, engenheiro aeroespacial de uma instituição de pesquisa da área de defesa dos Estados Unidos, a Rand Corp, disse à Reuters que a China vem tentando recuperar seu atraso em tecnologia hipersônica. Mas afirmou que os cientistas russos presos estão envolvidos com pesquisa básica e as informações de que dispõem não são suficientes para produzir um míssil hipersônico.

O Brasil desenvolve desde 2006 um projeto de propulsão hipersônica (PropHiper), liderado pela Força Aérea Brasileira (FAB). No final de 2021, foi realizado o primeiro teste do motor aeronáutico hipersônico. “O 14-X S foi acelerado a uma velocidade próxima a Mach 6 (seis vezes a velocidade do som), a mais de 30 quilômetros de altitude, por meio de um Veículo Acelerador Hipersônico (VAH)”, anunciou a FAB à época. Não há previsão de quando o veículo hipersônico brasileiro será concluído.

The post Carta aberta defende cientistas russos presos por traição appeared first on Giz Brasil.


Compartilhe: https://tinyurl.com/28wn4e3m